"O Sal da Vida"
O sal é um dos ingredientes mais simbólicos que temos. A Bíblia fala em aliança de sal, quando faz alusão à aliança permanente de Deus com os homens. Jesus diz aos discípulos:" Vós sois o sal da terra. Se o sal perde seu sabor, como tornará a ser sal?"(1) Para além do caráter simbólico poderíamos descrever outros inúmeros exemplos, você sabia que foi no período da Pré-história que o sal passou a ser extraído e a ser utilizado na alimentação como um ingrediente. Inicialmente, ele era extraído das ardósias, posteriormente é que foi usado o sal extraído do mar. O sal é tempero insubstituível. É muito difícil comer uma comida insossa. Mas, quando consumido em grande quantidade faz mal. É importante saber dosar o sal.
Inclusive, ele aparece em termos populares, crendices, adivinhações e na medicina popular, Mário Souto Maior, em seu livro, Alimentação e Folclore, nos diz que: "1. Quando a visita estiver demorando muito, para que a mesma sala, imediatamente, o remédio que não falha nunca é pôr sal de cozinha no fogo". (2)
Nas adivinhações populares o sal também aparece: "não sou carne nem sou peixe. Mas em tudo ponho gosto. Por isso quero andar. Nos meus trajes bem composto"(3)
Importante dizer que para além do aspecto simbólico, o sal, era produto fundamental para a economia, uma vez que, era utilizado em larga escala no processo de conservação das carnes. O salgamento das carnes possibilitava a sua maior durabilidade e preservação sendo recurso importante para venda e consumo, especialmente, quando não havia os refrigeradores e câmaras frigoríficas.(4) Além, de ser necessário para temperar a comida de todo dia. Bates, quando esteve na Amazônia, em viagem por Caripi e Marajó descreve o consumo essencial do sal no almoço: "Era um lindo sítio - praia limpa, branca, arenosa, à sombra de árvores esgalhadas. Joaquim acendeu o fogo. Soprou delicadamente e os cavacos pegaram fogo ; empilhou então por cima dêles alguns gravetos secos e logo
se formaram boas labaredas.(...) preparou a cutia (...) Trouxera um saco de farinha, uma cuia com limão, uma ou duas
duzias de pimenta malaguetas e algumas colheres de sal. Almoçámos com apetite a cutia a cutia assada, bebendo uma cabaça cheia da agua pura do rio".(5) O sal, para além do tempero era fundamental para preservação das carnes que eram salgadas e assim "secas" e como já apontamos aqui o que permitia uma durabilidade muito maior.
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📚✍🏽 Referências.
(1) Matheus, capítulo 5, versículo 13.
(2)(3) Souto Maior, Mário. Alimentação é Folclore. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2004. p. 158. p. 278; 279. (4) MACÊDO, Sidiana da Consolação Ferreira de. Do que se come: uma história do abastecimento e da alimentação em Belém, 1850-1900. São Paulo: Alameda, 2014. p. 58. (5) Henry Walter Bates. O Naturalista no Rio Amazonas. Trad. Prefácio e Notas
do prof. Dr. Cândido de Mello Leitão. Vol 1. 1944, Companhia Editora Nacional. São Paulo - Rio do Janeiro - Bahia - Recife - Porto-Alegre. p. 232.
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