A farinha sempre foi elemento essencial na vida, no cotidiano e na economia de quem vivia ao longo do estuário amazônico. Jaques Flores, escritor modernista, pseudônimo de Luís Teixeira Gomes em crônica intitulada Cenas e Aspectos da Amazônia, no livro Panela de Barro, publicado pela primeira vez em 1947, nos falava sobre povoação de Caraparú e a importância da mandioca como elemento básico da economia. Segundo Flores, Caraparú era "Povoação saudável e pitoresca, possuindo apenas umas quarenta casas, tôdas cobertas de têlhas e assolhadas; os seus habitantes, que não vão a quinhentos (em todo o distrito vivem para mais de três mil almas se dedicam quase exclusivamente ao fabrico de farinha de mandioca". E ainda, "Branca, sempre nova e torrada a farinha de Caraparú tem especial preferência nos pontos de venda da capital do Estado, onde é comprada por alto preço. Três são as marcas mais conhecidas: "Tomé", "Cacáu" e "Rosa do Adro", cada qual porfiando em melhor se apresentar ao consumo público". (1) Na crônica, que falava sobre a referida povoação, Flores ainda afirmava que: "Deduz-se daí que a farinha de mandioca é, um produto de real valor na vida econômica da região ".(2) É importante perceber que muitos do interiores tinham parte de sua economia centrados na produção de farinha. E não apenas no Pará, em vários outros Estados a realidade era parecida. Hercules Florence, quando de sua passagem pelo Amazonas, em 1828, fazendo referência a uma visita à choupana dos Mundurucus dizia que: " Algumas mulheres se ocupavam em socar mandioca, outras em tirar-lhe o suco que é veneno mortal;outras ainda a secá-la ao fogo numas grandes panelas de barro (...) é que dela usam com todas as comidas, pelo contrário é excelente depois depois de escaldado, qualquer que seja o modo porque preparam, em consequência sempre da abundância de fécula que contém". (3) Na bela fotografia vemos à preparação da farinha de mandioca em Rio Branco, Acre, no ano de 1953. A farinha era alimento indispensável ao longo de todo estuário Amazônico desde a domesticação da mandioca pelos diversos grupos indígenas que habitavam à região da Amazônia.
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To be continued...
✍🏽💬 E você? Como gosta de comer tua farinha?
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📚✍🏽 Referências.
Preparação da farinha de mandioca (AC) Ideal: 6252; Autor: Guerra, Antonio Teixeira, 1924-1968; Jablonsky, Tibor; Local: Rio Branco; Ano: jan. 1953
https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=46252
(1) (2) Jaques Flores. Panela de Barro. 2° ed. Belém: Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves; Secretária de Estado da Cultura, 1990, p.77; 78.
(3) Florence, Hercules. Viagem Fluvial do Tietê ao Amazonas, São Paulo, EDUSP/ Cultrix, 1977, p. 287.
✍🏽 Para saber mais: Macêdo, Sidiana da Consolação Ferreira de. A Comida é a construção de uma identidade regional: uma releitura de Jaques Flores a partir da História da Alimentação. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Pará, v. 7, n. 1 (2020). In: http://ihgp.net.br/revista/index.php/revista/article/view/195
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