E hoje vamos "revisitar" uma das obras mais maravilhosas de todos os tempos e que inclusive já foi pauta dos meus textos, o livro "A Festa de Babette", de autoria da escritora dinamarquesa Karen Blixen, transformada no filme em 1987 e com direção de Gabriel Axel. A história se passa no século XIX, em um vilarejo na costa da Noruega, "um braço longo e estreito de mar entre montanhas altas -chamado Berlevaag". (1)
Numa noite de tempestade duas respeitadas senhoras irmãs, filhas de um pastor contratam uma parisiense recém-chegada como cozinheira: Babette. A mulher em questão era uma fugitiva do massacre da Comuna de Paris ocorrido em maio de 1871.
E assim, "Numa noite chuvosa de junho, em 1871, a corda da campainha da casa amarelo foi puxada violentamente três vezes. As donas da casa abriram a porta para uma mulher robusta, morena, mortalmente pálida, com um pacote no braço". Babette que "sabe cozinhar" logo "adquiriu a aparência d euma criada confiável e respeitável". (2) Depois de doze anos trabalhando na casa das irmãs, Babette ganha na loteria e resolve agradecer pela acolhida com um suntuoso jantar.
Assim que chegou a casa das irmãs ela havia sido advertida que "No primeiro dia em que Babette ficou a seu serviço, chamaram-na e explicaram-lhe que eram pobres e que, para elas, comidas sofisticadas eram pecado. A Alimentação delas tinha de ser o mais simples possível;eram os panelões de sopa e cestas para os pobres que importavam". (3)
O livro é tão magistral ao mostrar um jantar como um momento memorável ao paladar e de celebração. A comida que traz alegria, conforto e lembranças. O "jantar de Babette" é o ponto alto da obra, Babette consegue trazer vida aquela casa e as pessoas através de um jantar inesquecível que irá transformar para sempre a vida simples e extremamente austera do lugar. Babette, que já havia sido uma grande cozinheira em Paris, no aclamado Café Anglais, serve de forma espetacular: "Blinis Demidoff", "Sopa de Tartaruga", "Cailles en Sarcophage", uvas, figos e pêssegos frescos. Entre bebidas como Amontillado e Veuve Clicquot 1860, um menu tão harmonioso e perfeitamente elaborado. A obra de Karen Blixen é um verdadeiro presente aos amantes do mundo da História da Alimentação e Gastronomia. Na belíssima ilustração, feita pela @talitah, a opção foi pela reprodução dos principais alimentos/pratos servidos no jantar em homenagem ao centenário do deão e profeta da aldeia. Pai de Martine e Philippa. Jantar esse que custou os dez mil francos que Babette havia ganhado na loteria. Ricamente elaborado o jantar contava com alimentos que eram de valor elevado, em determinado momento Babette informa que um jantar semelhante aquele "para doze no Café Anglais custaria dez mil francos". (4)
Eu sempre digo que existem obras clássicas que devem ser revisitadas, vez por outra, pois elas nos permitem a cada vez, novos olhares. Como o livro de Karen Blixen. A cada nova leitura, novos olhares, observações e entendimentos são possíveis. Fantástico.
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💬 To be continued...
Amanhã o texto é justamente sobre "O jantar de Babette". 🍴🍽🥂
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📚✍🏽 Referências.
📌 Lembramos que se você faz uso dos meus textos, peço que dê os créditos e faça a citação. Afinal, aí reside a riqueza da literatura bibliográfica: a sua diversidade de escritos.
@talitah.m.
(1)(2)(3)(4)Karen Blixen. A festa de Babette. Tradução Cássio de Andrade Leite. Cosac Naify portátil. 1 edição, São Paulo, 2014, p. 7;20;21;52.
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