O historiador Roy Strong nos diz que: "Na Igreja Ocidental, as quartas-feiras e sexta-feiras tornaram-se dias de jejum, que também precedia o batismo e acompanhava qualquer penitência prolongada.
Inicialmente prática apenas da Sexta-feira Santa à manhã de Páscoa, estendeu -se de início por toda a Semana Santa, depois, (...) pelos 40 dias que vieram a ser chamados de Quaresma."(1)
É importante dizer que o jejum não "nasce" com a Igreja Católica, o hábito já era utilizado pela tradição judaica. Nesse sentido, tornou-se lugar comum, reproduzidos na literatura, filmes e ainda na nossa memória a ideia do fazer jejum a pão e água. Mas, por que jejum a "pão e água"? Por que o pão? Porque o pão desde a Antiguidade tem um significado simbólico imenso. É considerado sagrado aos cristãos. Quem nunca ouviu de alguém na família que não se pode jogar pão fora? Que se você for jogar fora um pedaço de Pão, tem que dar um beijo antes e pedir "perdão" a Deus baixinho? Para que não falte nenhum alimento na casa. O pão em diversas culturas é considerado um alimento da vida, que deve ser respeitado. Muitos contos antigos tem como figura central o pão. Ele está presente até na hora da morte.
A Bíblia nos mostra como o pão ganha importância simbólica. "O milagre dos peixes e pães", "A ultima Ceia" são momentos em que o pão é associado a vida e a fartura. Como nos ponta o historiador Jacob Heirich, Cristo "ao proferir a oração do pai-nosso, havia pedido ao Pai "o pão nosso de cada dia", e naturalmente também porque na última ceia havia dito, pegando o pão: "Tomai e comei! Este é meu corpo!." (2)
Tão importante era essa relação que na missa a cena do "Tomai e comei" era reproduzida cotidianamente. Essa associação ao longo do tempo fez do pão um alimento considerado sagrado.
A fé que se desenvolve em torno dos três símbolos, que são alimentos: o pão, o óleo e o vinho.
A Última Ceia, do pintor Juan de Juanes, datada de 1562. Uma das pinturas mais bonitas.
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📚✍️🏽 Referências.
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🖼 Juan de Juanes. A Última Ceia. Data:1562. Técnica: Óleo sobre madeira. Coleção Museu do Prado.
(1)Strong, Roy. Banquete:uma história ilustrada da culinária dos costumes e da fartura à mesa. Trad: Sérgio Goes de Paula: com a colaboração de Viviane De Lamare. Rio de Janeiro:Jorge Zahar Editor Ed, 2004. p,49.
(2) Jacob, Heinrich Eduard, Seis mil anos de Pão. Tradução José M. Justo. São Paulo: Nova Alexandria, 2003. p, 229.
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