Tat'etu Arabomi nos diz que:"Tudo começa e acaba com comida, tudo começa e acaba com cânticos, porque parece nós aqui os cânticos são primordiais, a gente canta para morrer, canta para nascer, canta para acordar de manhã, canta para dormir, tudo é cantado no candomblé (...) então essa é uma importância muito grande pra nós, da alimentação, de alimentar, de preparar essa comida, de comungar com essa comida, de distribuir essa comida para a comunidade". (1)
Ao longo desta semana os textos tem sido falando do Caruru, que também é uma comida de santo. Nesse sentido, "o alimento é um direito sagrado" para povos e comunidades Tradicionais de Terreiros. A economia do Axé, tema de análise importante pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Comabte à Fome, através de Pesquisa Socioeconômica e Cultural de Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiros possibilitou um entendimento amplo sobre a economia do axé, os terreiros como fonte de segurança alimentar e uma ampla rede de circuitos econômicos e comunitários. (2) Um dos resultados da Pesquisa Socioeconômica é Cultural de Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiros, ocorrida no ano de 2010, nas regiões metropolitanas de Recife, Belém, Belo Horizonte e Porto Alegre, foi a publicação por parte do Ministério do Desenvolvimento do livro: Alimento: Direito Sagrado. (3) O livro parte da análise do "potencial transformador dos Terreiros em relação ao seu entorno, dando visibilidade às suas práticas tradicionais marginalizadas pelo preconceito e permitindo a sua valorização, assim como o reconhecimento destes espaços também como de atendimento e de prestação de serviços à comunidade". Importante ainda, entender que: "Os espaços de prática das religiões de matriz africana são, no Brasil, não apenas locais de culto religioso, mas também instrumentos de preservação das tradições ancestrais africanas e de luta contra o preconceito e de combate à desigualdade social". (4) Assim, "A economia do axé é uma rede econômica que merece todo apoio do Estado, primeiramente para fazer justiça à sabedoria de séculos preservada pelos povos de santo; em segundo lugar, porque ela é exemplo de sustentabilidade econômica e, a partir dela, é possível construir outro modelo de crescimento e desenvolvimento econômico, mas harmônico que o modelo cego, predador do meio ambiente e desagregador dos laços comunitários que predomina no Brasil, neste momento".(5) O livro nos possibilita perceber a importância e o papel da alimentação dentro de uma extensa rede de circuitos econômicos das comunidades de Terreiros. O caruru é parte destes alimentos. Assim como outros pratos, a exemplo do Efó. É como sabiamente nos pontua Tat'etu Arabomi: " Tudo começa e acaba com comida". Você já tinha ouvido falar na economia do axé? sua sustentabilidade? A preservação do meio ambiente? Não?! Então, vale muito uma leitura do livro.
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📚✍🏽 Referências.
📸 (1)Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Alimento: Direito Sagrado. Pesquisa Socioeconômica e Cultural de Povos e Comunidades Tradicionais de Terreiros. Brasília, DF: MDS; Secretária de Avaliação e Gestão da Informação, 2011.
(2)(3)(4) Tereza Campello & Luiza Bairros. Apresentação. In: Alimento: DIREITO Sagrado, p. 15.
(5) José Jorge de Carvalho. A economia do axé:Os terreiros de religião de matriz afro-brasileira como fonte de segurança alimentar e rede de circuitos econômicos e comunitários. In:Alimento: Direito Sagrado. p. 38.
https://fpabramo.org.br/acervosocial/estante/alimento-direito-sagrado-pesquisa-socioeconomica-e-cultural-de-povo-e-comunidades-tradicionais-de-terreiros/
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