O que se comia nos tempos do Império?
Tenho certeza que você já fez essa pergunta. O que era consumido naquela época pela Família Imperial? A novela "Nos Tempos do Imperador" tem despertado essa curiosidade nas pessoas.
Então, essa semana teremos textos sobre esse período da História da Alimentação do Brasil. Então, não perde nenhum texto!
Segundo Lellis e Boccato, D. Pedro II, adorava fazer coleções particulares e tinha uma coleção de cardápios, isso mesmo, "Ao todo, eram cerca de 1.050 cardápios, dos quais 297 foram furtados ou extraviados, restando 780 pertecentes à Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro". (1) Segundo os autores ainda, os menus brasileiros seguiam os " padrões europeus". Seja na escrita, na escolha dos pratos ou ainda nas técnicas francesas.
Não apenas D. Pedro II, mas, toda a família Imperial, ao que parece mantinha a prática de guardar cardápios e menus impressos.
Um destes exemplos, é o cardápio do "Piquenique na Ilha de Paquetá" ocorrido em 8 de setembro de 1883. O referido passeio contou com a presença da princesa Isabel e do Conde D'Eu, para a ocasião o cardápio impresso pela tipografia G. Leuzinger & Filhos, foi planejado e teve serviço da Confeitaria Paschoal e era composto por 8 serviços compostos de "Aperitivos do Serviço, Entradas quentes, Serviço Quente, Serviço frio, Entremeio, sobremesa variada, sorvete de creme servido em forma de queijo e Café e Licores. Em cada um destes serviços várias opções de consumo. Nos aperitivos, por exemplo, além de "manteiga fresca, sardinhas ao molho de tomate" havia a opção de "conservas e azeitonas". Nas entradas quentes "Suflê de fígado gordo de pato ou ganso- Croquetes de aves (...) Camarões de água doce, recheados -Risoles de salmão". No serviço quente, "Peixe ao molho Tártaro, filé ao molho Godard, Costeletas a moda inglesa, coxa de ave com pontas de aspargos, ragu de caça ao molho Périgueux (molho madeira com trufas), Peru à moda brasileira e Selle: pernil sem osso, de carneiro". Os convidados da princesa Isabel e Conde D'Eu ainda podia saborear "Galantine de Jacu, Presunto à maneira de York (Inglaterra), Maioneses de Lavagante e de ave, salada de aspargos, salada de frutas e pudins. Além de sorvete de creme servido em forma de queijo, café, licores e vinhos: Madère, Xérès, Château Yqyem Chambertin, Brane Mouton Champagne e Porto". (2) Notem que no Menu não faltou um dos pratos mais consumidos no Brasil aquela época, o Dinde à la Brésilienne, sendo este prato o Peru à Brasileira, largamente consumido e sempre presente nos cardápios, em especial aqueles mais importantes, já que era uma comida de festa, até porque um produto de valor econômico mais elevado. Segundo Lellis e Boccato, o preço do “peru, em 1886, girava em torno de oito a dez mil réis, valor
muito alto para época e poucos podiam comprá-lo”.(3)
Enfim, o peru era “o principal prato da cozinha brasileira e o mais aguardado nos banquetes do Império”(4) Não podemos deixar de falar que outros pratos tinham incorporado aves e pássaros da flora brasileira, a exemplo, da Galantine de Jacu. O jacu era um pássaro de grande porte.
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💬📚 A minha indicação é o livro de Lellis e Boccato. Banquetes do Imeprador. Imperdível
To be continued...
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📚✍🏽 Referências.
📸 LELLIS, Francisco.
Os banquetes do Imperador. Francisco Lellis, André Boccato. São Paulo: Editora Senac; Boccato, 2013. 🔖Qualquer óbice em relação às imagens por favor nos avisar.
(1) Lellis & Boccato, op cit., p. 15
(2) (3)(4)Lellis & Boccato, op cit., p. 184-185; 377.
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