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Foto do escritordaquiloquesecome

Belém, 1957.

O vídeo feito no ano de 1957 e que está disponível no Chicago Film Archives, nos permite com riqueza de detalhes visualizar a dinâmica de práticas comum na cidade de Belém nos idos de 1957 e que permanecem até os dias atuais.


A venda de legumes e diversos outros produtos alimentícios no entorno do Ver-o-peso e adjacências. No filme é possível ver a venda de limão, pimenta, quiabo e jerimun. Uma realidade nos chama atenção, na banquinha da venda existe uma quantidade e diversidade "pequena" sendo vendida, mas, essa forma é muito comum até os dias de hoje, barracas que vendem apenas laranjas, mamão ou temperos como pimentas, chicória, cheiro-verde e outros. Notamos também que os produtos são aqueles bem consumidos no cotidiano das casas. E qual casa em Belém ou no Pará não tem limão? Quase impossível pra quem não come nada com pitiú, (em breve falaremos do pitiú) limão na casa de paraense é tão importante quanto a farinha de mandioca. O vendedor enrola uma fatia de jerimun numa folha de papel. Ao lado vemos que ele já havia fatiado todo o jerimun e que era comum a venda dele em fatias. Estamos falando de uma época em que a venda a "retalho" era bastante comum e os produtos enrolados em papel. A pimenta amarelinha (Cumari-do-Pará) é uma das preferidas do povo nortista. É muito usada para fazer molhos com tucupi. Em toda feira de Belém é possível encontrá-las. Aliás, segundo Raimundo Morais sobre as pimentas existe " (...) uma grande variedade na Amazônia". (1) Osvaldo Orico fala que "Na cozinha Amazônica, o fundamental é o molho, combinando-se o limão, a pimenta, o sal e o alho, para a caça, para os peixes e mariscos com que se regala o paladar de gente nortista". (2) Ainda é possível ver a venda de melado de cana, notem como o vendedor mexe e mostra para a freguesia que o melado de cana era dos bons. O melado de cana é em muitas casas e interiores: uma sobremesa deliciosa. Ele sempre foi vendido em potes de barro, um charme a parte, e o hábito em geral é comer misturado com farinha, uma boa farinha baguda. Também eram utilizados para fabricação de bolos, o bolo inglês aqui no Pará é feito com melado de cana.

Os melados de cana fabricados em Abetetuba são fantásticos e tem muita história, uma história que compreende os engenhos e a produção de cachaça e açúcar no século XIX e início de XX no município. Alimentos que fazem parte dos 406 anos de Belém.





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📚✍🏽 Referências.

📽 Chicago Film Archives. 1957.

(1)Morais, Raimundo. O meu dicionário de cousas da Amazônia. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2013, p. 135.

(2) ORICO, Osvaldo. Cozinha Amazônica. Belém: Universidade Federal do Pará, 1972, p. 68.



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