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Bruxas, feiticeiras, poções e alimentos.



Você sabe o porquê da relação entre mulheres, feitiçaria e bruxaria? E que o entendimento na Idade Média de bruxa e feiticeira eram diferentes? E qual a relação com os alimentos?Bem, existem muitos trabalhos na historiografia que analisam a "caça às bruxas" acontecido na época Medieval. E várias análises que discutem o caráter destas condenações. Segundo Paulo Filho, "a mulher é a grande protagonista dos autos inquisitoriais da Igreja e dos tratados demonológicos".(1) E ainda, "Neste sentido, podemos afirmar que as bulas papais e os inúmeros tratados demonológicos medievais lançados no frenesi de caça às bruxas

foram fundamentais para centralizar, organizar e reforçar métodos políticos e ideológicos que pautaram a perseguição sofrida pelas mulheres acusadas de bruxaria". (2) Mas, o que era entendido por ser uma bruxa ou feiticeira? Bem, primeiramente, existem diferenças entre uma e outra. Segundo Laura de Mello e Souza, as bruxas eram aquelas que entre outras coisas faziam pactos com o Demônio, já as feiticeiras eram aquelas que "eram fabricantes individuais de poções mágicas e encantamentos utilizados para situações corriqueiras do dia-a-dia". (3) As bruxas ou feiticeiras eram mulheres que faziam remédios, conheciam as plantas curativas e por muitas das vezes serem donas de si, do seu conhecimento, eram perseguidas. Segundo Botelho: "Quase todos eram mulheres, em geral camponesas miseráveis, que viviam sozinhas em pequenos casebres às margens das aldeias. Para sobreviver, elas atuavam como curandeiras, fazendo feitiços, simpatias e remédios naturais".(4) Num mundo controlado pela Igreja e por homens, essas mulheres tinham poder nas suas aldeias pelo conhecimento que tinham sobre as plantas e seus usos medicinais. Henrique Carneiro nos diz que:“Eram geralmente viúvas ou solteironas, com enorme conhecimento de ervas medicinais. Embora fossem pessoas miseráveis, tinham grande prestígio. Num mundo quase sem médicos, elas serviam como faz-tudo: parteiras, adivinhas, terapeutas".(5) E ainda, Botelho enfatiza que: "A “magia” dessas mulheres abarcava conhecimentos que depois seriam cientificamente comprovados".(6) Plantas como Sálvia, salsa, centeio, beladona, dedaleira eram utilizadas por elas para curar. E são usadas até hoje na farmacologia. A relação dos alimentos com uso medicinal sempre se fez presente, Souto Maior, no caso do Brasil, nos aponta essa realidade, a exemplo, "Banha de jacu é bom pra asma, puxado, chiadeira (...) chá de alecrim: para rouquidão, tosse, sufucação, chá de alfazema para cólicas intestinais, chá de mulungu: para excitações nervosas". (7).

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📚✍🏽Referências.

📸 Imagem Canva.

(1) (2) Paulo César Ribeiro Filho. Considerações sobre as bruxas e sua presença no Folclore português.

e-scrita Revista do Curso de Letras da UNIABEU Nilópolis, v.7, Número 3, setembro-dezembro, 2016. p. 287.

(3) Laura de Mello Souza. Apud, Filho. p. 290. (4)(6)José Francisco Botelho. Bruxas por trás da caça. 31 out 2016, 18h26 - Publicado em 30 nov 2007, 22h00

(5) Henrique Carneiro, apud, Bruxas por trás da caça. https://www.google.com/amp/s/super.abril.com.br/historia/bruxas-por-tras-da-caca/amp/ acessado em 10 de junho de 2021.Para saber mais: Bruxaria e História. Carlos Roberto Figueiredo Nogueira, Ática, 1991.História Noturna. Carlo Ginzburg, Companhia das Letras, 1989.(7) Souto Maior, Mário. Alimentação é Folclore. Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana, 2004. p

p.31,98.



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