Alimentação e gosto são construídos socialmente desde a nossa tenra idade.
Devemos ter cuidado com os rumos de determinadas pesquisas gastronômicas, justamente, porque o gosto é cultural e tem muito pertencimento para os grupos que percebem a alimentação como portadora de identidade. Desta forma, "Os hábitos culinários de uma nação não decorrem somente de mero instinto de sobrevivência e da necessidade do homem de se alimentar. São expressões de sua história, geografia, clima, organização social e crenças religiosas".(1) E ainda, Jean-François Revel, nos fala que "a cozinha viaja mal tanto no espaço quanto no tempo; e as informações sobre a cozinha também".(2)Isto porque, falar da cozinha do outro sem o devido conhecimento é perigoso demais, e ainda, que se tenha o devido conhecimento, no que tange a cozinha, a comida do outro nunca será a "nossa" e estará eivada de tradições, hábitos e identidade. Digo isso, porque o site TasteAtlas, "conhecido" por elaborar ranking sobre pratos culinários pelo mundo elaborou uma pesquisa sobre os piores pratos do Brasil. À partir da opinião de cerca de 5 mil leitores, apontou os 10 piores pratos do Brasil. Mas, a pergunta que fica é... quem responde a pesquisa? Quais os pontos de análise? São profissionais?
Pela "pesquisa" o cuscuz paulista aparece como a pior comida do Brasil. Um prato que é portador de muita história e pertencimento. [Ainda falarei mais sobre o cuscuz por aqui]. Da mesma forma que os outros pratos que compõem a lista.
Segue o "ranking" divulgado pelo site:
1. Cuscuz Paulista.
2. Arroz com pequi.
3. Tareco.
4. Quibebe.
5. Maria mole.
6. Sequilhos
7. Salpicão de Frango.
8. Salada de maionese.
9. Mocotó.
10. Casadinhos.
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📚✍🏽Referências.
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[Lembramos que se você faz uso dos meus textos, peço que dê os créditos e faça a citação].
(1) Franco, Ariovaldo, De caçador a gourmet:uma história da gastronomia. 4° ed. Rev. São Paulo:Editora Senac São Paulo, 2006. p, 25.
(2) Revel, Jean-François. Um banquete de palavras: uma historia da sensibilidade gastronômica. Trad: Paulo Neves. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p, 14.
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