A partir da década de 1950, parte da população em Belém passa a consumir uma maior quantidade de leite em pó. Problemas de insuficiência na oferta, no transporte, com a origem e higienização do leite "in natura" levam a população a "confiar" mais no leite em pó. Segundo Pinto: " às vacarias [estavam] funcionando precariamente na cidade, Belém consolidou o hábito de preferir o leite em pó ao in natura".(1)
A população contava então com o abastecimento via marítima do leite em pó e qualquer atraso dos navios levavam a falta do produto. Em setembro de 1958, por exemplo, com atraso de um navio que trazia leite em pó da marca Ninho, a Companhia Nestlé, informava a população que "Logo um navio, vindo de Recife, atracaria em Belém com 504 mil latas de Leite Ninho, o preferido, o equivalente dois milhões de litros, quantidade suficiente para dois meses de consumo" (2)
A chegada de leite em pó pelos navios era uma realidade constante, tanto que em dezembro de 1953, os Armazéns de Estivas, de Lima Irmão & Cia, estabelecidos à Rua 15 de novembro, anunciavam " uma "alvissareira notícia": "podemos afirmar aos nossos clientes que pelo navio 'Cuthbert', a entrar nesse porto até o fim do ano, receberemos a maior partida do famoso leite 'Moli',assegurando permanente estoque até maio do próximo ano". (3) A chegada de leite em pó, era a segurança que a população precisava quando o assunto era abastecimento de leite. Uma nova realidade passa a ser vista na cidade de Belém, a partir da década de 50, do século XX, agora a preocupação não era mais com as vacas sendo levadas as ruas de porta em porta vendendo leite. Isso era passado. Agora, o mais importante era ter leite em pó para abastecer as casas. O "Progresso" havia chegado. O leite em pó prometia pureza, sabor e nutrientes necessários tanto as crianças quanto aos adultos. Era época das descobertas nutricionais. O leite em pó passa a fazer parte do consumo diário das famílias paraense.
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💬🥛 E você qual Memória tem do leite em pó?
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📚✍🏽 Referências.
📸 Propaganda do leite Ninho, em 1959. In: https://www.propagandashistoricas.com.br/2014/08/leite-ninho-1959.html?m=1megacurioso.com.br
(1)(3) Pinto, Lúcio Flávio. Memória do Cotidiano, volume 7, Belém, 2015. p. 9.
(2) Pinto, Lúcio Flávio. Memória do Cotidiano. Vol 4. Belém: Edição do autor, novembro de 2011, p. 26.
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