"Mas, o que será o Manauê?". Com essa pergunta Cecília Meireles trazia a luz uma inquietação importante para quem de alguma forma pesquisa esse doce ou seria salgado?
No último texto, falei sobre o manuê descrito por Debret e que era salgado ( se você ainda não leu, corre lá). E mesmo que no geral eles sejam doces, eu penso que deveria por haver uma versão salgada sim, no início do século XIX, sobre o manuê, aquele "folhado e com carnes" que Debret mencionava. E quanto a isso Cecília Meireles em seu maravilhoso texto já nos dizia, nos idos dos anos de 1950 que "Se nos perguntarem, pois, o que é o "manué" ou "manuê", não podemos mais responder como nos dicionários que é um bôlo de milho ou mandioca, mel e outros ingredientes(...) nada mais impreciso. E sem falar nos pastéis de Debret, tão caros, por dois vintens, que qualquer um não os podia comprar (...) Em suma, não existe "manaué" nem "manuê", no plural, todos diferentes um dos outros"(...) Já que segundo Meireles, "Resumindo- o nome "manuê" ou manuê (de "mani" "maniva", "mandioca" é aplicado no Brasil a uma iguaria que não se sabe ao certo o que é. Pode ser um bôlo grande, podem ser quadrados, retângulos ou lôsangos cortados numa assado de tabuleiro. Pode ser enrolado em folha de bananeira ou assado apenas sobre essas folhas. Pode ser de mandioca puba, de aipim ralado, de milho, de cará, de farinha de arroz, de farinha de trigo(...) Pode ser doce ou salgado, com manteiga e sem ela".(1)
A meu ver, o mais importante, é que o Manuê é prato de todo Brasil, a sua versatilidade fez dele um alimento que não pôde ser esquecido. Existem receitas de Manuê no Pará, no Ceará, na Bahia, em Minas, Maranhão e no Recife...deve ter também em outros lugares além destes. O Manuê doce ou salgado faz parte da história da alimentação do Brasil e como bem dizia Cecília Meireles trata-se da " culinária brasileira, de prato típico e tradicional". (2)
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💬✍🏽 E você qual prefere? Manuê doce ou salgado?
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✍🏽📚 Referências.
📸 Vendedores de pastel, manoé, pudim e sonho. Aquarela sobre papel: J. B. Debret, Rio de Janeiro. 1826. In: Debret e o Brasil Obra Completa 1816-1831. Julio Bandeira e Pedro Corrêa do Lago. Nova edição revisada e ampliada. Editora Capivara, 2013. P. 200. 🔖Qualquer óbice em relação a imagem por favor nos avisar.
(1) (2) Cecília Meireles. Mas, que será o manauê? A manhã, Rio de Janeiro. Domingo, 15 de janeiro de 1950, p. 13.
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