Vocês já pensaram que as poções de "bruxas" ou de magias envolvem o comer, beber e os perigosos feitiços? Quem foi criança nos anos 90 e nunca assistiu ao menos uma vez o filme Abracadabra, cuja versão em inglês da Disney era "Hocus Pocus"? Com lançamento no ano de 1993, o filme chegou a passar várias vezes na famosa sessão da tarde, eu adorava assistir esse filme que contava a história de adolescentes que despertavam três bruxas más. O filme dava um suspense, apesar de ter indicação livre, mas, também era engraçado. Eu assisti várias vezes. Pois bem, a história tem como ponto central um livro de magia, com poções e palavras mágicas. Hoje quando penso no filme e em outros cuja relação entre poções, magias, sopa, bebidas e o mundo da alimentação, uma nova possibilidade de análise se faz presente. E depois de ler o texto da Maria Eunice Maciel, intitulado "Cultura e Alimentação ou o que têm a ver os macaquinhos de Koshima com Brillat-Savarin"? Cuja referência completa estará no final do texto, essa relação se fez mais crítica pra mim. A sociedade se desenvolveu tendo receio de comidas que lhes são "estranhas" "esquisitas " e ou "exóticas" sendo justamente nessa ideia que nascem as "poções de bruxas". Segundo Maciel: " As famosas "poções de bruxa" são exemplos de como se imaginava o "cozimento do mal", aliando a versão ao medo, como no caso das bruxas de Machbeth, que cozinhava mal (mas não necessariamente, mal) e cuja receita é um exemplo do que era (e ainda é) considerado repgnante: Lombo de cobra novinha, atirai no pote asinha, pé de sapo e lagartixa (...) pelos brandos de morcego, asa de bufo-sossego (...) jogar na sopa do mal nesta mistura infernal". (Mac etc, Ato IV, Cena I). (1) A alimentação refletida na sopa do mal, se reveste de um simbolismo que acomete quem beber de algo ruim, isso quando não leva a morte. Aliás, a relação entre alimentos e morte também acontecem nos casos de venenos, lembrem do texto sobre o filme e o leite? Lembrem também que muitos alimentos americanos não foram de imediato adotados na Europa, a exemplo, do tomate, já que havia medo do "exótico" e daquilo que é diferente. Maciel nos diz também que: "(...) atração, perigo, curiosidade, apelo à novidade, repugnância, aversão, medo, uma série de fatores estão presentes também no imaginário relacionado ao ato alimentar".(2) Ou seja, o mundo da alimentação que pode também se revestir de poções perigosas e tão estranhas causam pavor em quem as desconhece. 🦇🦎🐍🕸
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E você? O que pensa sobre? ✍🏽💬
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📚✍🏽 Referências.
📸 Imagem do Canva.
(1) Maria Eunice Maciel, Cultura e Alimentação ou o que têm a ver os macaquinhos de Koshima com Brillat-Savarin?. Revista Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 7, n. 16., p. 145-156, dezembro de 2001. p. 148.
✍🏽📚 Bourdieu, Pierre. O poder simbólico, trad: Fernando Tomaz. 16° ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2012.
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